O sucesso existe. Menos para ti.


Segue os passos. Imita. Copia as decisões. O resultado chave na mão.

Está longe de ser assim.

 

Sei que está na moda dizer que somos todos iguais. Mais: que todos temos direito a oportunidades iguais. Mas somos todos diferentes. E por isso, o resultado será fatalmente diferente.

 

Parte-se sempre dum princípio nobre: que o mérito merece ser recompensado, mas ignora o fator sorte na equação. 

Onde vencedor acredita que o seu sucesso é integralmente fruto do mérito, o vencido sente culpa e vergonha. 

 

Partimos de pontos diferentes: diferentes recursos, rede de contactos, contexto histórico, estado emocional, timing, oportunidades ou saturação de mercado. 

A aleatoriedade e (a verdadeira) diversidade da vida, reproduz tudo menos uma fórmula com princípio, meio e fim. Dá-nos sim, um ponto de partida.

As fórmulas vencedoras não passam de uma descrição pós-facto, não são previsão.

 

Vemos sempre os que chegaram lá. Não os que tentaram e falharam:

Steve Jobs deixou a universidade e tornou-se milionário.

Mas milhares também deixaram a universidade. Só um se tornou Steve Jobs que conhecemos.

 

Formadores, coaches, youtubers, empreendedores, influencers, todos vendem o mesmo: uma economia para o sucesso.

A verdade, ou até mesmo um disclaimer, não vende. Para vender esperança, não podem admitir probabilidade.

 

A maioria esforça-se o mesmo e recebe migalhas de reconhecimento ou lucro, mas a verdade é que só um pequeno número concentra quase todos os resultados. O nível de esforço, mais ou menos, não é garantia de retorno.

 

Ainda que tentador, é uma verdadeira violência psicológica: que transforma o acaso em falha pessoal.

 

Isto está longe de ser uma crítica aos influencers desta vida, ainda que pessoalmente não me faltem razões para o fazer.

Estes simplesmente exploram de uma forma muito perspicaz os nossos maiores desejos e frustrações.

Antes dos influencers, sempre existiram ditadores a manipular e a brincar com as emoções das pessoas.

 

Da mesma forma que todos aceitamos que não existe um manual de como ser o melhor pai ou a melhor mãe. E nem por isso há falta de livros sobre o tema. Não é por isso que há melhores pais, pelo contrário.

 

O excesso de informação é muitas vezes inimigo de nós próprios. Porque nem toda gente tem a mesma capacidade de filtragem. E isso é positivo. É na pluralidade que nasce o acaso, pois ninguém se destaca na união do pensamento.

 

Pode soar injusto para os que legitimamente gostariam que vivêssemos nessa sociedade distópica, mas nem toda gente pode ser varredor de rua nem toda gente ser médico. Nenhum é menos ou mais que o outro. Ambos são fundamentais e estruturais do funcionamento da nossa sociedade.

 

Mas há boas notícias: tens sempre escolha, e ninguém te pode tirar isso.

Podes sempre escolher como te sentes em relação a ti mesmo e/ou como reages ao fracasso.

Podes escolher ficar frustrado por não conseguires atingir um objectivo, ou procurar um novo.

 

O veredicto é teu.

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