Ervas Daninhas da modernidade: Publicidade no vidro do carro
Sabem quando chegamos ao carro e temos um acesso de raiva instantâneo?
Se não foi a EMEL do sítio a passar-nos uma multa, o mais certo é ser um flyer de publicidade preso no limpa pára-brisas. Das inúmeras hipóteses de temáticas que podem estar nestes papéis, hoje, vamos focar-nos numa em particular: COMPRAMOS O SEU CARRO
Desde quando é que isto se tornou uma moda / hábito? Qual foi o ponto de viragem na história do ser humano?
A verdade é que não há informação sobre este tema que me permita chegar a uma conclusão, logo decidi meter mãos à obra e ser eu a dar o primeiro passo com esta tese académica baseado em factos da minha cabeça.
Para mim, isto já se tornou tão frequente quanto as chamadas de telemarketing clandestino.
Sabem, aqueles números aleatórios que estamos fartos de dizer aos operadores que já pedimos por diversas vezes não estarmos interessados e que eles "sim senhor, vão deixar essa indicação no sistema"? Podemos amachucá-los, deitá-los ao chão, pisá-los.. mas o problema não termina ali. E nem sequer comecei a descrever o que faço aos flyers.
Quer deitemos para o chão ou para o lixo, no dia seguinte aparecem dois se for preciso.
Durante os primórdios da pandemia, há cerca de um ano atrás, o vírus matou muita coisa. Os flyers não foram excepção, e desapareceram também. O problema é o cenário que temos agora, e reforçado. É fácil imaginar os armazéns que existem por esse mundo fora que estiveram meses a acumular flyers, prontos a serem distribuídos.
Existem diversas preocupações ambientais nos dias que correm.
Por mim, começavam pela ilegalização da distribuição desta merda. É mau para o ambiente e para o nosso bem estar psicológico. Isso já ninguém quer saber. Anda tudo preocupado com as máscaras no chão, no mar, na greta da Greta, etc.
Pensassem nisso antes e fizessem máscaras de bambu. Acabava-se a poluição no mundo.
Mas não, andam a multar pessoas que comem sandes dentro do carro.
É nestas coisas simples que vemos a incoerência da vida.
Ouçam pessoas dos flyers, julgo que falo por todas as vítimas deste bullying quando digo que ninguém desejou isto na vida.
Não me lembro de estar na primária a aprender a pintar dentro dos contornos e ser assoberbado com o desejo de ser distribuidor de flyers quando fosse grande.
O Quimbé Majemba (esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência) ainda tentou iniciar o projecto mas a professora Rosa rapidamente pediu-lhe para descer à realidade e começar treinar como calcetar um passeio da calçada portuguesa. Isto, é pensar à frente. Serviço público diria até.
Por saber que existem muitas pessoas com esta frustração, termino o meu texto com um apelo:
Deitem os flyers para o chão. Não os deitem no lixo.
Porquê, perguntam os verdes.
Tenho esperança que vire um problema ambiental e por actualmente ser o auge da consciência humano-política, pode ser que se faça alguma coisa quanto a isto.
- Se poluir o ambiente, abre-se a oportunidade para haver manifestações;
- Com a pressão mediática tomam-se medidas para ilegalizar a distribuição de flyers;
- Quem quiser vender o carro vai ao local apropriado para o efeito - ou online, ainda mais environment friendly;
- Fico a rir-me a ver isto tudo a acontecer, e resolvo o meu problema.
A vida tem destas coisas, às vezes é preciso criar um problema a outro para resolver o nosso.
Fiquem sintonizados para mais dicas de vida.

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