O guitarrista indesejado
Há muitos tipos de pessoas indesejadas.
De bebés a idosos, a pessoas que ouvem música numa coluna sem fios em locais públicos.
A lista continua.
No entanto, toda gente tem aquele indivíduo do grupo de amigos que traz sempre consigo uma guitarra. Este indivíduo não só tem uma guitarra, como faz questão de a transportar com ele sempre que pode, e especialmente quando não dá jeito. Aliás, um bom guitarrista indesejado que se preze acabou de ler esta frase e não discerniu qualquer diferença entre ambas as situações, nem tão pouco a identificou como distintas.
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| Baby baby baby Oooh... |
Normalmente costuma-se guardar uns lenços de papel no porta-luvas do carro, não vá haver uma emergência pelo caminho e termos que limpar o cu com a mão. Não o guitarrista indesejado.
O guitarrista indesejado anda sempre com a sacola da guitarra na bagageira, não vá haver um evento social de pequena escala que - na opinião dele - precise de música ambiente. Este entende estes momentos como a oportunidade perfeita para espalhar a sua vibe ao grupo.
Os cenários mais comuns onde esta espécie aparece são - não surpreendentemente - previsíveis, contudo difíceis de escapar: pores-do-sol, almoços e jantares, aniversários, cânticos de igreja, etc.
Sabemos que podem aparecer a qualquer momento, mas era má-educação ir embora sem dar cavaco. Escândalo seria alguém simplesmente levantar-se deixando uma moedinha na sacola concluindo com um "Obrigado, ai dont spique inglich".
O guitarrista indesejado tem outro problema: não saber quando chegou a altura de parar.
Quando começa é um sucesso: o feed do insta e do face já estão bem cansados do scrolling sem nada para ver, e a conversa do grupo ja teve melhores momentos, pois já está a azedar para a temática dos que se tornaram pais nos últimos meses.
Eis que o guitarrista entra em cena, e é recebido como nossa senhora-da-salvação-dos-encalhados.
Para mim, o limite são no máximo 5 músicas. 2 ou 3 a pedido da malta, e as restantes à escolha do próprio.
Depois, já ninguém quer saber. Tirando as meninas que acham sempre graça e fazem aquela boa ação do dia para se sentirem melhor com elas próprias "Oh, coitado ele até nem canta mal".
Não esquecer as 2 géneses de guitarristas indesejados: os que tocam, e os que tocam e cantam:
- Os primeiros são toleráveis mais tempo, é como ir num elevador, ou conduzir enquanto se recebe um broche, chega a um ponto que uma pessoa já nem está a ouvir nada.
- O problema é mesmo a segunda estirpe, os que cantam a acompanhar. Chega a um ponto que ja deixei o scroll do insta e já dou por mim no AliExpress a procurar cordas para me pendurar.
Cantas bem? Fantástico, mas já chega que não paguei bilhete para te ouvir.
Cantas mal? Cala-te, deves-me dinheiro por me estares a obrigar a ouvir-te.
#AcordeFimDeMúsica

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