A Máquina Do Amor
Já lhe ocorreu quantas peças de loiça já lhe passaram pelas mãos e outras demais passarão?
Por muito divertido que soe estar a ter um diálogo com uma ave de grande porte, passarão, é aqui empregado como um verbo e não um sujeito musculado dotado de penugem.
Agora a sério... entrando numa máquina do tempo com rumo aos primórdios da raça humana, é extraordinária a nossa capacidade de complicar o simples: comer um naco grelhado de porco directamente do osso, a pingar e desfazer-se, não nos satisfazia, essa merda não era gourmet que chegue.
Não senhora. Vamos matar porcos em massa (isto não faz sentido quando lido várias vezes), inventar máquinaria para os chacinar, referigerá-los e transportá-los até nós. Vamos por fim maquilhá-los de sal e outras especiarias para que fiquem extra saborosos, cozinhá-los e só então comê-los.
Até dou de barato que um naco se possa comer à mão, mas vamos lá voltar ao presente e parar com esta palhaçada da máquina do tempo e visualizar um tenro naco que careça de tesão estrutural, necessitando assim duma base rígida para que possa ser cortado.
Isto para dizer o quê? Que para comer o belo do naco, vamos precisar dum prato - e talheres, que não somos nenhuns animais.
Chegando ao final da refeição, começa tudo a levantar-se da mesa, e normalmente a pessoa auto-encarregue de gerir a cozinha toma por iniciativa arrumar as coisas.
Do meio do caos de choques e desencontros da porcelanda, surge "Hoje lavas tu a loiça.."
Pronto, já fodeu tudo!
O filho diz que lavou na semana passada, a irmã tem de estudar para o teste de amanhã, o pai tem um jogo de futebol importante para ver, mas normalmente a mãe é que se fode.
Há sempre o sacrificado no desfecho duma refeição: ou lava ou paga a conta.
No fundo é como o sexo: as entradas são espectaculares e pão com manteiga já estava na mesa tem de ser, chegamos ao prato principal já vai um bocado a abarrotar, mas "paguei, não vai sobrar".
Concluimos então que lavar a loiça à mão é uma merda. Mas a loiça não pode ficar ali para sempre a ressequir; não há detergente no mundo que nos salve.
Por experiência prórpia vos afirmo que nada positivo se retira em lavar a loiça à mão.
Gera discussões, é fatídico, desgastante, perda de tempo e paciência, suicídio.. tudo isto e mais.
Se estavam à procura de opiniões na internet se compensa ou não investir/comprar uma máquina de lavar a loiça, jovem, não procures mais. Vai ser a compra da tua vida. Esquece o iPhone, esquece aquela viagem com o teu cônjugue.
Há quem sinta prazer em ouvir o parceiro a gemer de prazer.
Eu gemo de prazer cada vez que oiço a máquina a lavar aquela loiça toda. Deixo-a lá completamente porca e ela volta limpa. É uma experiência.
Máquina De Lavar A Loiça rebaixa qualquer um.
Não. Tal objecto e triunfo tecnológico merece ser intitulado de Máquina do Amor.
Ganharás uma nova habilidade que nunca pensaste existir: Tetris da Loiça.
Hoje em dia estão na moda os Reality Shows de experiências sociais.
Imagino um programa-concurso com vários candidatos, com um número pré-definido de peças de loiça, e a ter como desafio encaixà-las na máquina no menor tempo cronometrado possível, colocarem as máquinas a lavar e no final observar os resultados de lavagem e serem pontuados de acordo com a eficácia da lavagem.
É como a Bimby: desengane-se quem pensa que basta atirar a loiça lá para dentro de qualquer maneira e ela aparece limpa como aque por milagre do Espírito Santo.
"Não desesperarás!"
- exclamou Fairy a Finish -
"...volta a colocar a loiça na máquina (porém em posições diferentes) e limpa a terás!"
Comprem uma, a sério.

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